domingo, 20 de junho de 2010

Baltasar e Blimunda: a mais bela história de amor

Em Memorial do Convento, José Saramago criou o par que protagoniza a mais bela história de amor de sempre da Literatura Portuguesa: Baltasar Sete-Sóis e Blimunda Sete-Luas.
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Sem mais, que mais não é preciso, transcrevo:

«(…) Fica, enquanto não fores, será sempre tempo de partires,
Por que queres tu que eu fique,
Porque é preciso,
Não é razão que me convença,
Se não quiseres ficar, vai-te embora, não te posso obrigar,
Não tenho forças que me levem daqui, deitaste-me um encanto,
Não deitei tal, não disse uma palavra, não te toquei,
Olhaste-me por dentro,
Juro que nunca te olharei por dentro,
Juras que não o farás e já o fizeste,
Não sabes de que estás a falar, não te olhei por dentro,
Se eu ficar, onde durmo,
Comigo. (...)»

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José Saramago in Memorial do Convento, p.56; Editorial Caminho, 15ª edição, Lisboa 1985

5 comentários:

hb disse...

:)

porque transcreveste isso em várias linhas? não é uma distorção do estilo narrativo dele?

Teresa disse...

opá... é; todavia, a pontuação está correcta; digamos que foi um "problema" de formatação. Agora a sério: quis dar destaque ao diálogo, que é soberbo e, concomitantemente, conduzir os menos afoitos no estilo de Saramago. Aliás, podia fazer-se um livro, só com este diálogo, com uma das falas em cada página. Este extracto ocupa cerca de 9 linhas no fim da referida página.

Paulo Assim disse...

Comecei a ler o Memorial e pouco depois pu-lo de parte. Esteve um ano a apanhar pó na mesinha-de-cabeceira. Como sou fiel a todos os livros que começo a ler (isto é, tenho que chegar ao fim, custe o que custar), lá me decidi retomar a leitura. E aí sim, foi sempre a abrir, como se costuma dizer. Grande romance! Entre a boa dezena dos que li dele, O Ano da Morte de Ricardo Reis também é um dos meus preferidos.
Curiosamente, Saramago renasceu no dia da sua morte. Depois de Pessoa, Saramago.

Teresa disse...

também gostei muito do "O Ano da Morte de Ricardo Reis", Paulo. E do "Levantado do Chão". Serão estes os três livros de Saramago que mais apreciei. O "A Viagem do Elefante" também me surpreendeu positivamente, mas isso já sabe, pelo meu texto respectivo :)

Grande abraço
T.

Paulo Assim disse...

Não cheguei a ler Levantado do Chão.
E parei de ler Saramago a partir do Homem Duplicado, que achei mauzito, assim como a Caverna.
Espero ler Caim, para perceber melhor todo o alcance da recente polémica.
:)