Uma festa que vale por duas: o aniversário de Rui Zink e o do seu Hotel Lusitano acabado de reeditar pela Planeta. Com vitalidade incólume, Hotel Lusitano – ou Portugal visto por dois estrangeiros – surge, tal como há 25 anos, na hora certa: comprovam-no a escrita célere, o olhar rebelde e limpo sobre quem somos e a ironia fina remexida com humor inteligente e contagiante. Imperdível.
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Extracto:
«Mas uma coisa pela qual não se é preso em Portugal é por urinar na rua. Toda gente urina em todo o lado, como os Índios. Congratulei-me com a descoberta, pois sabia do episódio de um amigo meu que, em Cleveland, certa noite regressava a casa aos esses e, precisando de evacuar águas numa esquina, fora apanhado pela lei em flagrante delito, levado a tribunal e por pouco não era acusado de exibicionismo na via pública e condenado, sabe-se lá, a um ano de prisão ou mais. Também os Estados Unidos são chatos, de vez em quando. Neste plano, prefiro Portugal: ao menos mija-se à vontade. E o cheiro também não parece incomodar ninguém. Uma pessoa habitua-se a tudo, veja-se o caso daqueles guerreiros espartanos que comiam fezes para endurecer o corpo e o espírito. Talvez até que a merda não sirva só de fertilizante para a terra, mas também para o corpo e o espírito. Quem sabe?
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Estudante aplicado, tomei nota: os portugueses são um povo de jardineiros. Fazem chichi contra as paredes para Lisboa germinar. ».
(p.p. 79, 80, da edição de há 25 anos)
(p.p. 79, 80, da edição de há 25 anos)
3 comentários:
Parabéns ao Rui pela escrita incómoda para alguns - os cócós - e mesmo a calhar para os descontentes (a maioria absolutíssima, abstencionistas incluídos).
Isso, Cláudia.
Não há pachorra para os assépticos.
Adorei o blog, parabéns!!
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