«A intervenção, a crítica construtiva, o inconformismo, são o sal da Democracia»; «O medo atrofia o pensamento e a acção. O medo limita, quando não mata, a criatividade, a crítica», escreveu Luís Norberto Lourenço, no texto titulado «Manifesto contra o medo», publicado na imprensa regional em 2001. Licenciado em História, professor, fundador da Casa Comum das Tertúlias, em 2004, em Castelo Branco, editor, incansável dinamizador cultural, Luís Norberto Lourenço publicou recentemente o livro Manifestos contra o medo: antologia de uma intervenção cívica, que será lançado na Biblioteca Municipal de Algés, a 10 de Março de 2012 pelas 18 horas, com apresentação de Luís Raposo, arqueólogo e Director do Museu Nacional de Arqueologia.
No livro, coligem-se artigos de opinião que o autor editou na imprensa escrita e na blogosfera, de 1995 até 2011. São textos de um homem livre comprometido com o seu tempo, gestos de quem vive Abril, escrita que plasma o pensamento do autor, os seus valores, com apelos, reptos à reflexão, incentivos à acção. É uma escrita lúcida, sem peias nem amarras, inteligente, inquiridora e dialogante.
Como bem refere Luís Raposo, no Prefácio, temos 215 páginas de «refrigério em tempo de banalidade, de falta de compromisso cívico». Os textos estão dispostos cronologicamente, a que se juntam textos inéditos que «ficaram na gaveta», assim dito pelo próprio Luís Norberto Lourenço, na Apresentação do tomo.
Os temas são variados, escolhidos em tudo o que assoma nos dias e deva ser destacado para se estabelecer o diálogo entre cidadãos. Entre outros, elogia-se o movimento cultural em Castelo Branco, pois «Devolvendo a cultura também se cumpre Abril», repudia-se a ausência de comemorações do 25 de Abril, em Castelo Branco, no ano 2000, recordando-se o que é celebrar Abril, ensejo para as questões «Quem tem medo de Abril? Temes que se lembre a defesa do serviço público, actualmente posto em causa em quase todos os campos? Temem que se lembre que há outra forma de fazer política?»; aventam-se propostas para «aperfeiçoar a democracia», o combate à pobreza e ao desequilíbrio social; aborda-se a desertificação do interior, o jornalismo em Portugal, o racismo, a violência, as interdições da Democracia e as novas censuras, a importância do voto, a questão do aborto, as alianças políticas; resgata-se a memória de Aristides de Sousa Mendes, desafia-se, com propostas, o poder político a evitar o olvido e invoca-se o exemplo do nosso cônsul desobediente a Salazar, em nome da humanidade.
«Serei revolucionário? É como me sinto cada vez mais», escreve Luís Norberto Lourenço. Por mim, direi que ele é uma voz que nos motiva e um exemplo de intervenção cívica que nos orgulha.
Ver, AQUI, outro registo dos passos de Luís Norberto Lourenço.
1 comentário:
Gosto deste lugar. Voltarei mais vezes.
Abraço.
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