
A peça O Álbum de Família será publicada e representada no Teatro Aberto, no próximo ano. Reproduzo a nota de Rui Herbon que acompanha o texto original, com agradecimentos ao autor por ma ter disponibilizado:
Esta obra, não sendo auto-biográfica, é uma tentativa de partir de trás para reconstruir-me, e tentar ajudar os espectadores a reconstruir-se. Saber que o edifício veio totalmente abaixo e, com novos tijolos e cimento, tomar consciência sobre uma nova realidade possível até à qual havemos de viajar.
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O tempo não é recuperável; e o espaço tão-pouco. Quando passamos por um lugar, esse sítio já não volta a ser o mesmo. Cada momento morre em si mesmo, desaparece o momento e o seu espaço. O fluir é um vidro; não deixa nada atrás. Só ficam sensações, fitas magnéticas acumuladas no nosso cérebro que, ao pôr-se em marcha, umas motivam que surjam as outras, bombardeando-nos com milhões de impressões. Numa fita estão gravadas as sensações, noutra as emoções, noutra as memórias, noutra os espaços, noutra os tempos...
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As memórias são como um rio parado, convertido em gelo. A fotografia é a morte da realidade. Quis reflectir nesta obra uma inquietude que tenho desde os meus primeiros anos de vida: a luta entre o que flui e o que permanece, entre o álbum e o comboio... Como nos pesa o que levamos sob o braço, e sob o coração - queiramos ou não -, no nosso projecto de futuro.
*ver outros textos meus sobre Rui Herbon, Aqui
© Teresa Sá Couto
3 comentários:
Obrigada por divulgar, Teresa, e muitos parabéns ao Rui Herbon! Prémio merecido, com certeza!
Acho que tudo o que o Rui faz - escreve - é bem feito.
Mesmo sem conhecer o texto, sei que mereceu, e bem, o prémio.
Por isso, palmas para o Rui!
:)
Boa publicação!
É sempre bom mostrar a cultura do nosso país! Como promover a área do teatro que é algo que admiro!
Parabéns pela publicação!
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