sexta-feira, 13 de maio de 2011

Manuel António Pina

Manuel António Pina é o Prémio Camões 2011, e eis uma alegria que nos espevita em tempos de cansaço e abulia.
«Um escritor altamente qualificado nos diversos campos em que actua, em especial em suas poesias, para adultos e crianças, que possuem alto grau de inventividade e originalidade», justificou o Júri do Prémio, o que há muito sabemos.

Estão de parabéns, o autor, a Assírio&Alvim,a Literatura Portuguesa e, por isso, nós todos. Mas há mais: a editora anunciou que vai lançar na Feira do Livro do Porto a antologia poética POESIA, SAUDADE DA PROSA - UMA ANTOLOGIA PESSOAL (imagem à esquerda), com selecção de poemas feita pelo próprio autor, e, daqui a alguns meses, um novo livro de poesia, o primeiro nos últimos oito anos, refere a editora. E nós esperamos.






Um poema:

A poesia vai acabar, os poetas
vão ser colocados em lugares mais úteis.
Por exemplo, observadores de pássaros
(enquanto os pássaros não
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao
entrar numa repartição pública.
um senhor míope atendia devagar
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum
Poeta por este senhor?» E a pergunta
afligiu-me tanto por dentro e por
fora da cabeça que tive que voltar a ler
toda a poesia desde o princípio do mundo.
Uma pergunta numa cabeça.
– como uma coroa de espinhos:
estão todos a ver onde o autor quer chegar? –

Poesia Reunida, p.38, Assírio&Alvim, 2011

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