Há já meia dúzia de anos, num artigo sobre José Marmelo e Silva, rejubilava-me com a notícia do projecto de construção da Casa da Cultura José Marmelo e Silva, na freguesia do Paul, local de nascimento do enorme, inquieto, carismático, polémico, fundamental e saudoso autor. Hoje, o projecto está finalmente concretizado e a inauguração marcada para o próximo dia 22 de Outubro. A nova casa, com mais de 200m2 e dois andares, compreende a biblioteca com zona de acesso à internet, sala de exposições, gabinete de reuniões e um espaço temático que recria o ambiente de trabalho do escritor que foi também professor e jornalista. É tempo de orgulho, de felicidade e de celebração das letras portuguesas.
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O livro, cujo título resgata palavras do próprio José Marmelo e Silva, colige, em 144 páginas, as 21 entrevistas concedidas pelo autor a jornais e revistas entre 1943 e 1987. Trata-se de uma pequena pérola onde se esculpe a «palavra do autor», «construtivo e desassombradamente moralista, enleado em aperfeiçoar o pormenor», como refere Ernesto Rodrigues, na Introdução; é, sobretudo, um livro imprescindível para a compreensão do homem cuja obra se antecipou ao seu tempo, que em 1943, disse:
A Vida apresenta-se-me demasiado preciosa (ou demasiado exigente), para que eu possa consumi-la em proveito de certas camadas que pagam as coisas de Arte a um preço inferior ao das bebidas, e somente para excitarem os seus prazeres ou ostentarem as suas vaidades. (p.p.15-16);
e que, defensor de uma educação humanista, declarou:
Instruir, formar operários, formar técnicos, não basta. Não basta produzir. Os objectivos da educação serão sempre, e acima de tudo, objectivos humanos em todas as dimensões. (p.59)
A Vida apresenta-se-me demasiado preciosa (ou demasiado exigente), para que eu possa consumi-la em proveito de certas camadas que pagam as coisas de Arte a um preço inferior ao das bebidas, e somente para excitarem os seus prazeres ou ostentarem as suas vaidades. (p.p.15-16);
e que, defensor de uma educação humanista, declarou:
Instruir, formar operários, formar técnicos, não basta. Não basta produzir. Os objectivos da educação serão sempre, e acima de tudo, objectivos humanos em todas as dimensões. (p.59)
1 comentário:
não conhecia este autor. o seu texto é um bom ponto de partida, obrigada.
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