É um pequeno grande livro, anda nas livrarias, contém uma poesia musculada, avassaladora, a poesia de que se precisa. Titula-se Pesa Um Boi Na Minha Língua e é assinado por José Emílio-Nelson, uma das vozes mais originais da poesia portuguesa desde há mais de três décadas. Deixo aqui o texto que elaborei, há largos meses, com a minha leitura do poeta.
(José Emílio-Nelson entre o seu novo título e as duas antologias poéticas que reúnem a sua poesia. Clicar na imagem para aumentar.)
A Lanterna do Feio
«Uma noite, sentei a Beleza nos meus joelhos. – E vi que era amarga. – E injuriei-a.», escreveu Arthur Rimbaud (1), nome da vertigem, do desregramento dos sentidos, da transgressão, da procura de um verbo novo que as enfornasse, de uma estética que lhes servisse. Procurar a transgressão na poesia portuguesa contemporânea é encontrar, obrigatoriamente, o nome de José Emílio-Nelson para quem o verbo maldito vê na estética do feio o veículo da libertação. PESA UM BOI NA MINHA LÍNGUA(2) é o título do seu mais recente livro de poesia e mais um andamento dum projecto estético muito próprio, de uma invejável coerência, que desenvolve há 34 anos. Com o título colhido numa expressão do Agamémnon, de Ésquilo, o poeta, todavia, evidenciando o símbolo do boi enquanto animal terreno e sacrificado, imprime-lhe um deslocamento de sentido.
No Agamémnon, o Vigia espera o momento de apertar na sua mão a mão do seu senhor herói regressado de Troia, mas encobre o horror da traição da esposa durante a sua ausência, cala-se, porque «pesa-lhe um boi» na sua língua, i.é., inibe-se, recalca o fardo pesado que não o deixa dormir. O título, Pesa Um Boi Na Minha Língua, é uma engenhosa subversão da expressão de Ésquilo, porquanto solta um boi negro que não é manso nem amansado, que exulta a sua verdadeira natureza intensa e plena para depositar o fardo da sua existência no branco luzente das páginas.
«Porque me amarga a verdade, /quero lançá-la da boca», escreveu Quevedo anunciando os excessos que carregou de sátira e burlesco. José Emílio-Nelson liberta a poesia dos compromissos morais e do estético asséptico para escavar a imperfeição, o inferno humano e a divina comédia da vida, dando-nos a ideia de que os bons sentimentos inviabilizam a inquietação imprescindível ao acto de criar. Já Gomes Leal, em Fim de um Mundo, se arrogava «um cirurgião» que havia de retalhar a escalpelo a «carcaça linda e podre do mundo». A poesia de José Emílio Nelson «ocupa o território tenebroso do feio expressivo, princípio estético da intensidade realista que organiza a experiência existencial», escreve Luís Adriano Carlos na majestosa introdução à antologia A Alegria do Mal – Obra Poética I, 1979-2004, editada em 2004, pela Quasi Edições.
«Esta é uma poesia que assume a agressão ao velho e conformado bom gosto do leitor, levanta os véus, e o que se observa sob os véus são as fibras moles e corrompidas da carne, sem disfarces ou unguentos que mascarem a humana, demasiado humana condição do que decai, se degrada, se corrompe, se extingue», escreve Fernando de Castro Branco, no ensejo da publicação do segundo volume da obra reunida de José Emílio-Nelson, a antologia Ameaçado Vivendo – Obra Poética II, 2005-2009, editada em 2010 pela Edições Afrontamento. Consciente de que a fealdade é o que sobra quando o belo se ausenta, a poesia de José Emílio-Nelson adorna a beleza de sarro, «cospe mísero canto», faz do feio o espaço de exploração e, consequentemente, de conhecimento. No laboratório poético, onde o gesto selvagem e grotesco esgrime liberdade artística, dialoga-se com autores – quer explícita quer implicitamente – da literatura universal de todos os tempos, e dialoga-se com outras artes, como a pintura, escultura, música e fotografia, artes que emprestam o seu gesto à iluminação dos corredores escuros do ser humano.
Na Conversão à luz, as palavras de José Emílio-Nelson surgem como aves «derramadas no seu voo sobre a bruma inquinada», voam em «águas ermas», retêm-se no fundo das águas, e desafiam o leitor com perguntas obscuras, carácter, ainda, de uma poesia de questionamento de si mesma: porquê?, o «Que as retém lá fundo?» (p.10), «que mão desaparece e aparece por dentro de nós? /É mão ainda a que desce sobre os versos? Mão agónica? /Qual mão? /A que mortifica muda e confusa e nos consome? / Ou a que evola Deus?» (p.9); ou, ainda, intercetemos o desígnio desta poesia detendo as chaves do poema Lux Aeterna: «A mão que faz de si um sopro enlaça os dedos e canta. /É a voz de quantos gestos? /Sobre ela se enxerta uma e outra voz que escurece. /Num sítio ermo, bem fundo, /A sua magnificência na vacuidade do Mundo. /E apodera-se dum silêncio que depois clamoroso se repete /E repete belamente a sua escuridão. /Perde-se e relampeja em orlas escuras, /Sulca e assenta, acalmada.» (p. 22). A mão de uma poesia que liberta objectos e seres da aparência comum, que é a artífice da denúncia da desventura terrena, e que enxertando-se de vozes evoca a procura da condição humana, só pode imprimir o Deus humílimo que se liberta da sua condição inumana para habitar o corpo desgraçado do Cristo agonizante da crucificação, o Deus escuro que ressuma nestoutro poema de O Livro de Horas, de Rainer Maria Rilke: «o meu Deus é escuro e como que um tecido /de cem raízes que bebem silenciosas. /Só sei que me levanto assim do seu calor, /e mais não sei, pois todos os meus ramos /repousam lá no fundo e acenam só ao vento» (3), escreveu o poeta alemão aludindo a um Deus que é a «Coisa das coisas», e o poeta a sua «ânfora», o seu «hábito», o seu «ofício»; posto isto, em Pesa Um Boi Na Minha Língua, não será Cristo a resina que se queima nas brasas?, ou dito assim no texto Naveta e Colher: «Do meu escuro Deus cai a luz que O deixa morrer /E que O depõe e O apodrece com roupa purpura, incensado. // Cristo é a naveta? Deus é colher?» (p.11).
Iluminar o feio é pôr a nu a decadência e a miséria humanas. Sem nos falhar, o texto faz a pergunta e dá a resposta clara: «Como aparece Deus velado ao que perde a nudez esbelta? /Maravilhado.» (p.12). É por esta razão que a nudez de San Sebastián, de El Greco, é profanadora, e é também por isso, e porque aquela dor nos identifica, nos é familiar, que a sua beleza convulsiva nos maravilha e nos fascina: «A devoção encandeia, afadiga-se, alastra até ao amortalhamento./ As flechas mortíferas escoram o corpo vazado. /Detenhamo-nos, sem mais detalhes. /Escorre o óleo santo na nudez profanadora.» (p.54).
O Homem é carne, mas também é espírito, e só a sabedoria artística do espírito pode harmonizar a fealdade do mundo em destroços. Acha-se o belo removendo escombros, escreveu o poeta Antonio Porchia, cita-o José Emílio-Nelson.
Cumprindo a ideia de que a obra de arte deve devolver o homem a si mesmo, na inteireza vital, espiritual, material e física, a sua poesia adopta um processo análogo ao da fotografia que adquire a sua força deslocando o objecto do seu contexto para o imprimir num outro e novo contexto. O resultado são imagens de espanto e inquietante estranheza. Para José Emílio-Nelson, o ar é uma zona corporal do homem, o que vem ao encontro do defendido por Novalis, de que «O ar é tanto órgão do Homem como o sangue», que «o exterior não é mais do que um interior distribuído» (3). O ar é a casa da voz, onde se dá a luta teimosa entre a efemeridade do ser humano e a infinitude do cosmos; veja-se o poema Cosmic Pulses: «Poisado cone num sopro aspergido /Espirais que derramam /Luminosos teclados turbulentos,/Eixos suspensos num horizonte de obscuridade profunda./Erguem em roldanas o Cosmos.» (p.21), estoutro: «Carrilhões riscam de sinos os mortos./A teimosia dos 6 percussionists de Strasbourg alumia com luz fraca //O caminho que estreita./Acedemos à infinitude a cada momento/ (p. 20), e ainda o poema, Circles Movements: «A Voz soletra o ar de pompa da percussion. A um ermo /Abre e distorce. Cada som ‘perscruta os planaltos’ /Ao excedê-los. Vislumbramos o exumar do Céu.» (pág. 17).
O ar do corpo interno também se liberta em burlesco sonoro, como no exemplo do texto Dama Canhão: «A dama move-se, /Nada mal, as nádegas em tacão /Deixam rasto de lagartas /Castrenses, só que a mulher usa pestana escarlate. /O cinto seca-lhe a cintura farta, é seca, /A dama para quem em redor a faz de louca. /(Detona pó sem dó que nem canhão. /Ou serão gases?)» (p.77).
Por outro lado, «Em divergência com as mitologias literárias, a cosmogonia de Emílio-Nelson começa na urina, a água da vida segundo a tradição medicinal», diz Luís Adriano Carlos. Com efeito, se o «verdete agonizante do metal da alma» se estende às reveladoras «alvíssimas lágrimas», a (outra) água da vida irrompe purgadora no texto
Cães: «Vou ser asceta, piedade pela cadela./O chumaço das tetas, vou ser vulgar, lágrimas rosas,/ A arrastar a matilha estouvada que a morde à vez, de joelhos./Cadela em fuga, prostrada nas urinas,/A rezar, julgo eu, a rezar.» (p.51), ou em purificação apolínea, numa viagem a Delfos: «Nas poucas horas que passei em Delfos, /Miniatura do folclore grego, uma mulher rendada /Oferecia os seus olhos cegos poisados na mão com que me tocava. / (A excursão inteira continua atenta ao guia que mal fala.) / Iludindo a mais amada, urinei para os olhos da cega, / Que por isso implorava.» (p.72).
Falar do feio é falar do Tempo – tempus edax omnium rerum –, o feroz devorador de todas as coisas até as tragar totalmente; o tempo é «Impiedade» apresentada, por exemplo neste texto: «Com sapatinha de espalhar trampa, chagado. De capuz, carapinhoso. /Agitava-se empoleirado no vinho drogado./ Desfalecido, as pestanas escurecem./ Repousará, tão atroz, outra vez dentro de sua mãe. / Ah, que importa. Jaz Morto.». (p.59). O regresso ao útero materno indicia que, se «O decorrer do tempo ofende a Beleza», o texto também lhe reconhece a capacidade de recomeço, ideia plasmada na Fénix que se regenera: «a fénix aflitíssima mede o tempo justo para repetir as cinzas» (p.49). Nas Metamorfoses, Ovídio apresenta a Fénix rediviva e também a Fénix do poeta latino «Não é de grãos ou de ervas/que vive, mas de lágrimas de incenso e da seiva de amomo.» (4).
Símbolo da morte e renascimento, também a cobra é chamada ao texto; nela se conjugam metamorfose e erotismo patentes na mulher que se contorce voluptuosamente, confundindo-se com a serpente, metamorfoseando-se na própria serpente, do poema Cobra, a Morbideza: «A mulher que trabalha na morgue vai vomitando. / Enrosca-se cerosa nas gavetas como se fosse dormir /Demasiadas vezes na morte. / (Muda, a cobra escuta-a, /Suspira noutra muda repentina.)» (p.70).
Com admirável rigor, o vasto bestiário está ao serviço do reconhecimento da dimensão infernal da dita vida interior e de um programa poético que nomeia a penitência da lesma, a pomba que martiriza o espírito, o pelicano que «obedece a Deus ao aspergir o seu sangue redentor sobre as crias que mata», o asno com desejos de autoflagelação, a gralha cuja crista é o «abanico de certas almas» ou o cisne, «a soberba que alegra os órgãos genitais de suspiros». As pulsões sexuais, o sadismo e o masoquismo têm terreno fértil na palavra que exprime o subterrâneo, a perversão, o licencioso, pelo que esta poesia não se coíbe na utilização de vocabulário erótico e pornográfico, provocatório e agressor para o qual concorre a atenção sobre os detalhes físicos da violência sexual que compõe a coreografia dramática do discurso corrosivo e satírico; vejamos dois clips: «Assisti a um clip [bondage] em que eram penetrados / Uns tantos pelo corpanzil dum latino que os cobria empenhado /Untando com vaselina nas pálpebras doutro mais alheado. /Consumido nisso, pondo-se a jeito, implora, e é enfiado. / (E sem óleo santo que o salvasse.)»; «O cão cobria-a como pele de raposa, empertigara-se, /A pata rosa abusava, deixava mossa. . / O focinho mordia, ia avançando, encostou-se, / E ao bambolear ela gemia, devia ser mau, /Mais do que no vídeo se ouvia.» (p.74).
Se na origem da beleza está unicamente a ferida, há pois que isolar as feridas para lhes descobrir o significado, iluminá-las, pelo que cada texto é um espaço infinito e de luz imensa. Neste sentido, a poesia de José Emílio-Nelson é um humanismo, e em muitos dos seus textos ecoa o grito das figuras cruas, delicadas e terríveis, e por isso, de beleza avassaladora, de Alberto Giacometti. Confira-se no texto Mina San José: «Rezo pelos mineiros chilenos. /As almas soltando labaredas de El Greco./Ciclopes à espera de subirem ao céu azul pelos tubos dum órgão de luzes que os ressuscita no sepulcro. //Estes mineiros extraem Deus.» (p. 60).
Ainda, o jogo de acasos, imagens e metáforas e hipálages com que se liga o mundo interior ao mundo exterior fazem lembrar a prática surrealista do cadavre-exquis. Veja-se o poema Moeda com que esta poesia paga a experiência da realidade esmagadora: «Numa viela, em cima de cartão prensado, /Senta-se mais engelhada que os trapos. /Raspa com as unhas a cabeça do cão atormentado. /O fundo da garrafa serve de caçarola /E atira para aí as moedas. / (Ferrugentas são peças de coleccionadores.)» (p.84).
A poesia de José Emílio-Nelson não é de fácil leitura. Independentemente de questões de gosto, ela não é acessível ao leitor pouco experimentado. A sua «escrita em mosaico», assim caracterizada por Luís Adriano Carlos, prenhe de deslocamentos de sentido, associações insólitas, movimentos espiralados, vocabulário onde dialogam o erudito e o brejeiro, a dor e a mofa, a inevitabilidade e o recomeço, fazem sacudir um outro novo nervo, outro latejar se impõe, outra releitura se inicia, e a sua poesia nunca está lida. Mas não será este o privilégio da melhor literatura?
notas:
(1) Arthur Rimbaud, Iluminações / Uma Cerveja no Inferno, Assírio&Alvim, 2007, p.117.
(2) José Emílio-Nelson, Pesa um boi na minha língua, Edições Afrontamento,2013.
(3) Rainer Maria Rilke in Poemas, ed.Asa, Lisboa, 2001, tradução de Paulo Quintela, p.84.
(4) Fragmentos de Novalis, Assírio&Alvim, tradução de Rui Chafes, 2000, p.95.
(5) Ovídio, Metamorfoses, Livros Cotovia, tradução de Paulo Farmhouse Alberto, 2007, p.375.
«Porque me amarga a verdade, /quero lançá-la da boca», escreveu Quevedo anunciando os excessos que carregou de sátira e burlesco. José Emílio-Nelson liberta a poesia dos compromissos morais e do estético asséptico para escavar a imperfeição, o inferno humano e a divina comédia da vida, dando-nos a ideia de que os bons sentimentos inviabilizam a inquietação imprescindível ao acto de criar. Já Gomes Leal, em Fim de um Mundo, se arrogava «um cirurgião» que havia de retalhar a escalpelo a «carcaça linda e podre do mundo». A poesia de José Emílio Nelson «ocupa o território tenebroso do feio expressivo, princípio estético da intensidade realista que organiza a experiência existencial», escreve Luís Adriano Carlos na majestosa introdução à antologia A Alegria do Mal – Obra Poética I, 1979-2004, editada em 2004, pela Quasi Edições.
«Esta é uma poesia que assume a agressão ao velho e conformado bom gosto do leitor, levanta os véus, e o que se observa sob os véus são as fibras moles e corrompidas da carne, sem disfarces ou unguentos que mascarem a humana, demasiado humana condição do que decai, se degrada, se corrompe, se extingue», escreve Fernando de Castro Branco, no ensejo da publicação do segundo volume da obra reunida de José Emílio-Nelson, a antologia Ameaçado Vivendo – Obra Poética II, 2005-2009, editada em 2010 pela Edições Afrontamento. Consciente de que a fealdade é o que sobra quando o belo se ausenta, a poesia de José Emílio-Nelson adorna a beleza de sarro, «cospe mísero canto», faz do feio o espaço de exploração e, consequentemente, de conhecimento. No laboratório poético, onde o gesto selvagem e grotesco esgrime liberdade artística, dialoga-se com autores – quer explícita quer implicitamente – da literatura universal de todos os tempos, e dialoga-se com outras artes, como a pintura, escultura, música e fotografia, artes que emprestam o seu gesto à iluminação dos corredores escuros do ser humano.
Na Conversão à luz, as palavras de José Emílio-Nelson surgem como aves «derramadas no seu voo sobre a bruma inquinada», voam em «águas ermas», retêm-se no fundo das águas, e desafiam o leitor com perguntas obscuras, carácter, ainda, de uma poesia de questionamento de si mesma: porquê?, o «Que as retém lá fundo?» (p.10), «que mão desaparece e aparece por dentro de nós? /É mão ainda a que desce sobre os versos? Mão agónica? /Qual mão? /A que mortifica muda e confusa e nos consome? / Ou a que evola Deus?» (p.9); ou, ainda, intercetemos o desígnio desta poesia detendo as chaves do poema Lux Aeterna: «A mão que faz de si um sopro enlaça os dedos e canta. /É a voz de quantos gestos? /Sobre ela se enxerta uma e outra voz que escurece. /Num sítio ermo, bem fundo, /A sua magnificência na vacuidade do Mundo. /E apodera-se dum silêncio que depois clamoroso se repete /E repete belamente a sua escuridão. /Perde-se e relampeja em orlas escuras, /Sulca e assenta, acalmada.» (p. 22). A mão de uma poesia que liberta objectos e seres da aparência comum, que é a artífice da denúncia da desventura terrena, e que enxertando-se de vozes evoca a procura da condição humana, só pode imprimir o Deus humílimo que se liberta da sua condição inumana para habitar o corpo desgraçado do Cristo agonizante da crucificação, o Deus escuro que ressuma nestoutro poema de O Livro de Horas, de Rainer Maria Rilke: «o meu Deus é escuro e como que um tecido /de cem raízes que bebem silenciosas. /Só sei que me levanto assim do seu calor, /e mais não sei, pois todos os meus ramos /repousam lá no fundo e acenam só ao vento» (3), escreveu o poeta alemão aludindo a um Deus que é a «Coisa das coisas», e o poeta a sua «ânfora», o seu «hábito», o seu «ofício»; posto isto, em Pesa Um Boi Na Minha Língua, não será Cristo a resina que se queima nas brasas?, ou dito assim no texto Naveta e Colher: «Do meu escuro Deus cai a luz que O deixa morrer /E que O depõe e O apodrece com roupa purpura, incensado. //
4 comentários:
Belo texto. Gosto muito das imagens que crias.
Teresinha,
estive no Adágio, passei por aqui, para me despir de inutilidades e me concentrar em algo sério e que me faça bem à alma.
Um beijinho.
obrigada pelas visitas, princesa. Outro beijinho para ti :)
Parabéns, Mestre Emílio Nelson, pela excelência da sua poesia!
À Teresinha, deixo igualmente os meus parabéns pelo magnífico prefácio!
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