sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

«não se brinca com facas» lançado em Faro

não se brinca com facas de José António Barreiros tem agora apresentação de honra em Faro, por Nuno Júdice. Recordo que o romance foi lançado em Lisboa, no passado mês de Dezembro, com apresentação do poeta António Osório e do cineasta Luís Filipe Rocha.


(clicar na imagem para ampliar)

José António Barreiros, que em 2007 nos tinha brindado com as curtas e magníficas narrativas do Contos do Desaforo, traz-nos um romance intimista que explora os corredores recônditos do Ser onde corre a solidão, a abulia, o desamparo. Com promessa de que voltarei a este romance com uma minha leitura, deixo um extracto:

    (...) Com o comboio aos solavancos regressara ao seu lugar, procurou na mala um livro, que não abriu. A paisagem insistia em marcar presença diante dos seus olhos, desfilando, rápida, inversa relativamente à marcha do comboio, tornando-se logo instantaneamente passado, escapando-se pela ponta do vidro, chicoteando-lhe os olhos. O seu lugar era de costas face ao sentido da marcha, o presente, alongando-se em duração, levava por isso mais tempo a entrar no futuro, até fugir-lhe do ângulo extenso do seu olhar. Podia mudar de lugar, mas não mudou. O eficaz executivo tinha-se, entretanto levantado para desembarcar, absolutamente pragmático, colado à porta um minuto antes de a porta se abrir, a vida numa folha de Excel. Agora em redor de si, ninguém. Se pudesse fumar, mas não podia. Restava-lhe dormir mas não tinha sono, os olhos recusavam-se a fechar, dotados de vontade própria. (p.p.100, 101)

2 comentários:

José António Barreiros disse...

Teresa
já lhe deveria ter agradecido e de modo tão público quão público tornou o acto de apresentação em Faro do meu livro Não se brinca com facas.
Estou aqui para lhe dar conta de que o encontro que o Nuno Júdice proporcionou me deu uma renovada convicção de que há um caminho possível nesta encruzilhada labiríntica que é escrever. É graças a pessoas como a Teresa que nos sentimos menos sós e menos inseguros sem aquela arrogância ainda que timorata dos que têm vergonha de se atrever à grandiloquência e não se conformam com a insignificância.
Obrigado, pois!
Um abraço grande do
José António Barreiros

Teresa disse...

Olá JAB

Não tem do que me agradecer, ora essa; eu apenas divulgo, o trabalho árduo foi seu. Portanto, honra minha, acredite.

Claro que correu tudo bem em Faro; jamais duvidei, mas agradeço ter-mo confirmado.

E logo voltamos a este assunto, quando sair o meu texto :)

Grande abraço
TSC