não se brinca com facas de José António Barreiros tem agora apresentação de honra em Faro, por Nuno Júdice. Recordo que o romance foi lançado em Lisboa, no passado mês de Dezembro, com apresentação do poeta António Osório e do cineasta Luís Filipe Rocha.
(clicar na imagem para ampliar)
José António Barreiros, que em 2007 nos tinha brindado com as curtas e magníficas narrativas do Contos do Desaforo, traz-nos um romance intimista que explora os corredores recônditos do Ser onde corre a solidão, a abulia, o desamparo. Com promessa de que voltarei a este romance com uma minha leitura, deixo um extracto:
(...) Com o comboio aos solavancos regressara ao seu lugar, procurou na mala um livro, que não abriu. A paisagem insistia em marcar presença diante dos seus olhos, desfilando, rápida, inversa relativamente à marcha do comboio, tornando-se logo instantaneamente passado, escapando-se pela ponta do vidro, chicoteando-lhe os olhos. O seu lugar era de costas face ao sentido da marcha, o presente, alongando-se em duração, levava por isso mais tempo a entrar no futuro, até fugir-lhe do ângulo extenso do seu olhar. Podia mudar de lugar, mas não mudou. O eficaz executivo tinha-se, entretanto levantado para desembarcar, absolutamente pragmático, colado à porta um minuto antes de a porta se abrir, a vida numa folha de Excel. Agora em redor de si, ninguém. Se pudesse fumar, mas não podia. Restava-lhe dormir mas não tinha sono, os olhos recusavam-se a fechar, dotados de vontade própria. (p.p.100, 101)
2 comentários:
Teresa
já lhe deveria ter agradecido e de modo tão público quão público tornou o acto de apresentação em Faro do meu livro Não se brinca com facas.
Estou aqui para lhe dar conta de que o encontro que o Nuno Júdice proporcionou me deu uma renovada convicção de que há um caminho possível nesta encruzilhada labiríntica que é escrever. É graças a pessoas como a Teresa que nos sentimos menos sós e menos inseguros sem aquela arrogância ainda que timorata dos que têm vergonha de se atrever à grandiloquência e não se conformam com a insignificância.
Obrigado, pois!
Um abraço grande do
José António Barreiros
Olá JAB
Não tem do que me agradecer, ora essa; eu apenas divulgo, o trabalho árduo foi seu. Portanto, honra minha, acredite.
Claro que correu tudo bem em Faro; jamais duvidei, mas agradeço ter-mo confirmado.
E logo voltamos a este assunto, quando sair o meu texto :)
Grande abraço
TSC
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