Língua materna em Portugal e no Brasil, língua oficial em Angola, Cabo verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Moçambique – os PALOP – e Timor-Leste, língua de uso em Macau, Goa, Damão, Diu e Malaca, a Língua Portuguesa é ainda falada nos quatro cantos do mundo onde chega a diáspora lusa. Ainda, e acatando o que defende Eduardo Lourenço, a lusofonia deve incluir a Galiza: «como imaginar o espaço lusófono, e na medida em que ele é o horizonte onde inscrevemos a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, sem incluir nele a Galiza?»
«Quem tem José Saramago e Jorge Amado, quem tem Mia Couto e Pepetela, quem tem Milton Nascimento e Gilberto Gil, quem tem Cesária Évora e Madredeus, quem tem Walter Salles e Manoel de Oliveira já conquistou certamente um sólido espaço específico no mercado cultural globalizado», diz Eduardo Namburete sobre a força e o papel da lusofonia no Mundo, no livro «Comunicação e lusofonia», que colige as comunicações da I Conferência Internacional sobre Comunicação e Lusofonia, na Universidade do Minho, a 7 de Outubro de 2006. A conferência reuniu investigadores de Portugal, Angola, Moçambique, Brasil, Timor-Leste e dos Estados Unidos da América. Os trabalhos desenrolaram-se em 3 painéis plenários: Lusofonia: Equívocos, Fronteiras e possibilidades; Políticas da Língua e Identidade; Os Media e a Memória Social.
«A cultura e o progresso são filhos da mistura»
«Aquilo que motiva a lusofonia como coisa sua é a sua globalização multiculturalista, dentro de áreas culturais específicas, uma globalização paradoxalmente regionalista, que se alimenta de um imaginário de territórios, memórias e paisagens vivos e concretos», refere Moisés de Lemos Martins, Presidente da Conferência Internacional Comunicação e Lusofonia, para salientar que «a cultura e o progresso são filhos da mistura».
Na mesma linha de argumentação, António Guimarães Rodrigues, Reitor da Universidade do Minho, cita Confúcio: «“Se trocar uma laranja com outra pessoa que também possui uma laranja, cada uma fica com uma laranja. Mas, se trocar uma ideia com alguém que também tem uma ideia, então cada um fica com duas ideias”. Trocar opiniões, ideias e interpretações é mais do que trocar informação. E as ideias são diversas. Não se somam de forma conservativa. Constroem e criam novas ideias. A globalização que todos ajudámos e ajudamos a construir não significa o imperativo de nos despojarmos do que nos dá identidade. Antes pelo contrário, no conjunto dos valores e das promessas que nos atraem para a construção de um Mundo global, a diversidade das diferentes identidades funciona como elemento de ligação e garante a sua sustentabilidade.». Assim, sintetiza, «num tempo de globalização, em que o mote é a constituição de redes de conhecimento e cultura, os países lusófonos possuem-na, dela têm consciência, e querem promovê-la e atribuir-lhe um papel efectivo ao serviço do desenvolvimento».
Maria Manuel Baptista, docente na Universidade de Aveiro, lembra que o espaço da lusofonia é um «apetecível mercado de milhões de consumidores», além de que «o Brasil e os outros países lusófonos têm-nos como necessária porta de entrada noutros mercados e culturas ocidentais.». Assim, defende, cabe a Portugal defender o seu património secular, histórico, linguístico e cultural no mundo (…) pretende-se conferir à lusofonia (tal como outrora ao Império) uma lógica predominantemente afectiva e moral: cada parte não pode dar largas ao seu “egoísmo” e deve concorrer para o todo, para o bem comum.».
Se não podemos fugir à globalização, podemos defender-nos da invasão da língua da globalização, antecipando-nos aos seus efeitos, como defende Eduardo Namburete, docente universitário em Moçambique: «levar a cultura lusófona para o Reino Unido, Estados Unidos da América, Nigéria, Burundi, Singapura e outros cantos do mundo, a aposta na difusão internacional da cultura lusófona, através da massificação da produção cultural no nosso espaço de referência, ensino e formação do português deve ser uma estratégia prioritária da lusofonia.».
Na mesma linha de argumentação, António Guimarães Rodrigues, Reitor da Universidade do Minho, cita Confúcio: «“Se trocar uma laranja com outra pessoa que também possui uma laranja, cada uma fica com uma laranja. Mas, se trocar uma ideia com alguém que também tem uma ideia, então cada um fica com duas ideias”. Trocar opiniões, ideias e interpretações é mais do que trocar informação. E as ideias são diversas. Não se somam de forma conservativa. Constroem e criam novas ideias. A globalização que todos ajudámos e ajudamos a construir não significa o imperativo de nos despojarmos do que nos dá identidade. Antes pelo contrário, no conjunto dos valores e das promessas que nos atraem para a construção de um Mundo global, a diversidade das diferentes identidades funciona como elemento de ligação e garante a sua sustentabilidade.». Assim, sintetiza, «num tempo de globalização, em que o mote é a constituição de redes de conhecimento e cultura, os países lusófonos possuem-na, dela têm consciência, e querem promovê-la e atribuir-lhe um papel efectivo ao serviço do desenvolvimento».
Maria Manuel Baptista, docente na Universidade de Aveiro, lembra que o espaço da lusofonia é um «apetecível mercado de milhões de consumidores», além de que «o Brasil e os outros países lusófonos têm-nos como necessária porta de entrada noutros mercados e culturas ocidentais.». Assim, defende, cabe a Portugal defender o seu património secular, histórico, linguístico e cultural no mundo (…) pretende-se conferir à lusofonia (tal como outrora ao Império) uma lógica predominantemente afectiva e moral: cada parte não pode dar largas ao seu “egoísmo” e deve concorrer para o todo, para o bem comum.».
Se não podemos fugir à globalização, podemos defender-nos da invasão da língua da globalização, antecipando-nos aos seus efeitos, como defende Eduardo Namburete, docente universitário em Moçambique: «levar a cultura lusófona para o Reino Unido, Estados Unidos da América, Nigéria, Burundi, Singapura e outros cantos do mundo, a aposta na difusão internacional da cultura lusófona, através da massificação da produção cultural no nosso espaço de referência, ensino e formação do português deve ser uma estratégia prioritária da lusofonia.».
A língua que permite a união
A adopção do português em Timor-Leste como língua oficial a par do tétum reflecte, segundo Xanana Gusmão, a afirmação da identidade pela diferença, identidade que é «vital para consolidar a soberania nacional». Com efeito, referem Regina de Brito e Neusa Bastos, docentes universitárias em São Paulo, «o português possibilita, dentre outras coisas, o resgate e a manutenção do carácter híbrido da cultura timorense e o acesso ao conhecimento já disponível nos países lusófonos – que já contam, especialmente em Portugal, e já agora no Brasil, com diversos estudos sobre a Cultura e História timorense. Por fim, acentuam os timorenses, é preciso valorizar a força do português, sexta língua mais falada no globo, como forma de união entre os oito países da CPLP e um mecanismo de inserção dos timorenses no mundo globalizado». As autoras referem também o caso «multiétnico, multicultural e multilinguístico» de Moçambique rodeado de países de língua inglesa e associado à anglófona Commonwealth, onde a língua portuguesa é a «única utilizada na alfabetização de adultos, no ensino e na formação» e, no meio da diferença, é esta que vai encontrando «denominadores comuns em todos».
Comunicação e lusofonia – Para uma abordagem crítica da cultura e dos media; Editorial Campo das Letras, Porto, Dezembro 2006
Comunicação e lusofonia – Para uma abordagem crítica da cultura e dos media; Editorial Campo das Letras, Porto, Dezembro 2006
© Teresa Sá Couto
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