«Que narrativas e histórias interessam aos jornalistas? Como trabalham os jornalistas os seus recursos e que rotinas? Que representação do poder e da sociedade em geral deixam ficar nas notícias? Que fontes de informação falam das notícias? Que fontes de informação são seleccionadas pelos jornalistas?»
Responder a estas e muitas outras questões é o objectivo do livro A Fonte não quis revelar, de Rogério Santos, doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e docente de Comunicação na Universidade Católica Portuguesa. Por 242 páginas o leitor é convidado a seguir o percurso da construção da notícia, a apreender as relações entre jornalistas e fontes de informação. Na vertigem das sociedades da comunicação, com a notícia procurada e metamorfoseada a cada instante, o livro vem lançar alguma luz sobre o «jogo informativo» de que todos fazemos parte.
Na introdução, o autor adverte que grande parte da pesquisa compreendida no texto foi base para a sua tese de doutoramento sobre como o HIV-AIDS foi abordado pelos media portugueses. A investigação apoiou-se, ainda na Sociologia do jornalismo, com recurso a vários autores, pelo que no final é apresentada uma extensa lista de Bibliografia consultada.
Responder a estas e muitas outras questões é o objectivo do livro A Fonte não quis revelar, de Rogério Santos, doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa e docente de Comunicação na Universidade Católica Portuguesa. Por 242 páginas o leitor é convidado a seguir o percurso da construção da notícia, a apreender as relações entre jornalistas e fontes de informação. Na vertigem das sociedades da comunicação, com a notícia procurada e metamorfoseada a cada instante, o livro vem lançar alguma luz sobre o «jogo informativo» de que todos fazemos parte.
Na introdução, o autor adverte que grande parte da pesquisa compreendida no texto foi base para a sua tese de doutoramento sobre como o HIV-AIDS foi abordado pelos media portugueses. A investigação apoiou-se, ainda na Sociologia do jornalismo, com recurso a vários autores, pelo que no final é apresentada uma extensa lista de Bibliografia consultada.
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A «dança guerreira» no acesso à informação
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Diz-nos o autor que lendo-se conveniente e atentamente uma notícia, ela revela uma «dança de lances de jogo e negociação» entre o jornalista que a produziu e a fonte de informação que a promoveu. Comparando-se a um jogo de xadrez onde existem regras definidoras e regras estratégicas, é-nos explicado que a complexidade aumenta conforme o número de «entrantes» no jogo e há que contar com «fontes políticas, judiciais, científicas e outras, jornalistas, e os vários meios noticiosos em concorrência, e a opinião pública», que o texto explica desta forma:
«A relação entre jornalista e fonte de informação, para além de usar regras definidoras – rigor na informação, rapidez na prestação da informação, enquadramentos adequados dos acontecimentos, colaboração ou desconfiança mútua –, emprega as regras estratégicas do jogo – necessidades concorrentes de publicitar o acontecimento de uma fonte de informação e do jornalista obter uma informação nova ou exclusivo. Mas não existe uma determinação prévia onde está o poder, ou quem controla o conhecimento num dado momento. O jogo é, em simultâneo, desempenhado por vários intervenientes, que escrutinam o poder, as forças e a influencia dos adversários, para fazerem os seus lances.
Diz-nos o autor que lendo-se conveniente e atentamente uma notícia, ela revela uma «dança de lances de jogo e negociação» entre o jornalista que a produziu e a fonte de informação que a promoveu. Comparando-se a um jogo de xadrez onde existem regras definidoras e regras estratégicas, é-nos explicado que a complexidade aumenta conforme o número de «entrantes» no jogo e há que contar com «fontes políticas, judiciais, científicas e outras, jornalistas, e os vários meios noticiosos em concorrência, e a opinião pública», que o texto explica desta forma:
«A relação entre jornalista e fonte de informação, para além de usar regras definidoras – rigor na informação, rapidez na prestação da informação, enquadramentos adequados dos acontecimentos, colaboração ou desconfiança mútua –, emprega as regras estratégicas do jogo – necessidades concorrentes de publicitar o acontecimento de uma fonte de informação e do jornalista obter uma informação nova ou exclusivo. Mas não existe uma determinação prévia onde está o poder, ou quem controla o conhecimento num dado momento. O jogo é, em simultâneo, desempenhado por vários intervenientes, que escrutinam o poder, as forças e a influencia dos adversários, para fazerem os seus lances.
A disputa de recursos disponíveis implica a luta e negociação sobre os acontecimentos importantes ou relevantes. Assim, a luta ou troca de informação regista-se não entre um jornalista e uma fonte de informação, mas numa multiplicidade de agentes sociais, que incluem jornalistas, meios noticiosos, fontes de informação e a sociedade no seu todo.».
Mais: diz-nos o autor que neste jogo de influência e conflito entre jornalistas e fontes, «cada uma das partes cria uma agenda de temas e tenta influenciá-la». Assim, refere-se, «jornalistas e fontes de informação procuram protagonizar o jogo, mas sabem que são usados pelos outros agentes sociais. Trata-se de uma dança ou simbiose guerreira entre o que se sabe e o que não se sabe, entre o que se disponibiliza e se esconde».
Neste jogo ou dança ou arena de luta, onde coabitam o segredo, a confidência, a censura e a publicidade, o autor adverte para o carácter pernicioso de fontes e jornalistas que põe em relevo uma multiplicidade de interesses: «as fontes de menores recursos apostam na intriga, desvendam as rivalidades de organizações maiores»; «fontes rivais através de fugas de informação ou balões de ensaio, boicotam os projectos das organizações a que pertencem» e, «graças a redes de contactos informais com jornalistas», veiculam os seus interesses que servem também os objectivos dos jornalistas sedentos de novas notícias.
A fonte não quis revelar, Rogério Santos, Editorial Campo das Letras, Porto, Junho de 2006
Mais: diz-nos o autor que neste jogo de influência e conflito entre jornalistas e fontes, «cada uma das partes cria uma agenda de temas e tenta influenciá-la». Assim, refere-se, «jornalistas e fontes de informação procuram protagonizar o jogo, mas sabem que são usados pelos outros agentes sociais. Trata-se de uma dança ou simbiose guerreira entre o que se sabe e o que não se sabe, entre o que se disponibiliza e se esconde».
Neste jogo ou dança ou arena de luta, onde coabitam o segredo, a confidência, a censura e a publicidade, o autor adverte para o carácter pernicioso de fontes e jornalistas que põe em relevo uma multiplicidade de interesses: «as fontes de menores recursos apostam na intriga, desvendam as rivalidades de organizações maiores»; «fontes rivais através de fugas de informação ou balões de ensaio, boicotam os projectos das organizações a que pertencem» e, «graças a redes de contactos informais com jornalistas», veiculam os seus interesses que servem também os objectivos dos jornalistas sedentos de novas notícias.
A fonte não quis revelar, Rogério Santos, Editorial Campo das Letras, Porto, Junho de 2006
© Teresa Sá Couto
13 comentários:
Sempre subtilmente em cima do acontecimento... É inacreditável!
Um abraço
LS
Muito oportuna sugestão! :-)
E, como sempre, arguta escolha das citações. Só é pena que a maioria das pessoas continuem distraídas. Às vezes pergunto-me que mais podemos fazer para que vejam o que está debaixo do nariz...
Abraço
é a minha forma "enviesada" de compromisso com a actualidade, Luís :)))
Um abraço
TSC
pois, C.a.; o pior é que não é só o que nos "está debaixo do nariz": somos nós que originamos e alimentamos isto das formas mais perversas!
Um abraço
TSC
Sim, sem dúvida, isso também. E a «contaminação» está a chegar aos blogs, como ultimamente se tem visto, pelo que até esse «filtro» das notícias está a desaparecer. A continuar assim corremos o risco de, em breve, termos uma Imprensa reduzida a uma gigantesca e ininterrupta «Noite da má-língua».
Outro abraço
só podia; afinal é a sociedade que temos
Outro Abraço
TSC
Cheguei a este post por recomendação de uma carta anónima :)
é uma rede bem montada, pá :)))
bjinhos
T.
Pois é Teresa, eles todos entretém-nos e nós andamos entretidos.
Obrigado pela referência ao meu livro.
Rogério Santos
Obrigada, eu, Rogério, pelo seu estupendo trabalho.
Um abraço
Teresa Sá Couto
(...)"dança de lances de jogo e negociação"(...)jornalista e fonte de informação, uma imagem poética, em minha opinião,mas muito real... ao que se vê, lê e escreve no mundo das notícias.
A Sociedade, o Homem e a Intriga no três em um: a notícia.
Perdoem-me a "intromissão"!
Uma admiradora dos seus texto e opções literárias,
abraço,
Ana Lopes
Não é intromissão, Ana, ora essa :)
É um gosto ter vindo aqui.
Abraço
TSC
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