«Mais que um pedaço de terra com uma História muito antiga, uma nação é a sua gente e o seu património. Portugal também és tu.». É desta forma irremovível, que corre a Introdução do «A minha primeira História de Portugal» de Sérgio Luís de Carvalho, dedicada à miudagem dos 7 aos 12 anos. Dedicada, digo, na ampla acepção do adjectivo, pois é carinho, devoção pelo conhecimento e missão de o transmitir a quem o leva para o futuro, que aqui encontramos.
Sérgio Luís de Carvalho, licenciado em História e mestre em História Medieval, que há muito nos brinda com romances magnificentes de componente histórica, surge neste livro acompanhado por Fedra Santos, licenciada em Design de Comunicação da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, que também já nos habituou à expressividade lúdica das ilustrações que executa. A parceria não podia ser melhor: escritor e ilustradora desenvolvem uma obra objectiva e lúdica, crítica e artística, com rigor histórico e sedução. Mencione-se, ainda, a chancela da Campo das Letras, editora incansável na edição de obras infanto-juvenis de altíssima qualidade, como uma vez mais se comprova.
De capa dura cartonada, «A minha primeira História de Portugal» compreende 20 capítulos, numa viagem que começa há mais de 2000 anos, no tempo dos Lusitanos, seguindo-se o tempo dos Romanos, Visigodos, Muçulmanos, Fundação da Nacionalidade, primeiros reis (do século XIII ao século XIV), consolidação da Independência (século XIV), primeiras viagens dos Descobrimentos (século XV), Grandes Viagens e Descobertas (séculos XV e XVI), o auge do Império, decadência do Império (século XVI), União Ibérica e da Restauração (Séculos XVI a XVII), Absolutismo Régio (século XVIII), novas ideias liberais e invasões francesas (século XIX), conflitos liberais e guerra civil de 1832-34, modernização de Portugal na Regeneração, Primeira República, Ditadura e Estado Novo, Democracia e, por fim, o «tempo da União Europeia». Para que nada falte nesta viagem pela História de Portugal, conta-se, ainda, uma utilíssima Cronologia de 1139 a 2002, uma «Breve biografia dos reis de Portugal nas respectivas Dinastias, a lista dos Presidentes da República» até ao presente eleito Cavaco Silva (com retratos em jeito de caricaturada dos três últimos Presidentes), terminando com um Glossário.
A par da descrição histórica, cada capítulo tem uma pequena moldura ao lado das imagens onde correm apontamentos sobre o pitoresco quotidiano, num registo de diálogo com os pequenos, e agora mais sábios, leitores (exemplo na imagem à direita - clicar na imagem, para aumentar).
Últimas palavras para o Glossário, que fecha a obra e que confirma até ao fim o rigor informativo, a sensibilidade e a desenvoltura de Sérgio Luís de Carvalho na transmissão do conceito que nsempre os parece simples, porém, muitas vezes, revestindo-se de grandes dificuldades ,quando temos de o explicar de forma sintética e clara aos miúdos. Confira-se: «Polícia Política – Corpo policial que reprime os cidadãos devido às suas opiniões ou acções políticas. Às pessoas detidas por esse alegado “delito” chamam-se “presos políticos”.»; «Condição feminina: Designação geral da situação da população feminina, seus direitos e eventuais restrições.».
A minha primeira História de Portugal, Sérgio Luís de Carvalho (texto) e Fedra Santos (ilustração), Editorial Campo das Letras, Porto, 2008
Conhecer para agir – «Atlas das Espécies em Perigo»
«Atlas das Espécies em Perigo» é uma novidade editorial da Campo das Letras que vem, se não responder, incentivar à acção. Vocacionado para aqueles que irão tomar as rédeas do planeta – tendo por alvo as crianças acima dos oito anos – e sobre os quais recaem as consequências do presente, o Atlas reúne argumentos imbatíveis: excelso guia, percorre todo o planeta, pelas florestas, desertos, montanhas e oceanos registando a maravilha da Natureza e a inquietação da perda, fotografa e desenha minuciosamente os animais e os seus habitats, localiza-os, contextualiza-os, questiona-os e verte tudo em 96 páginas de grandes dimensões, esclarecedoras e incontestáveis.
A obra é assinada por Sally Morgan, bióloga com centena e meia de títulos publicados sobre história natural, ambiente, geografia e tecnologia, acompanhada por uma vasta equipa. A cuidada tradução portuguesa é de Jorge Pinho.
Ao todo são oito grandes capítulos por Zonas, Tipos de Florestas, Tipos de Pastagens, Desertos, Pólos e Montanhas, Oceanos e Ilhas, cada um organizado em subdivisões que identificam e caracterizam o assunto proposto, numa metodologia ao serviço de uma consulta eficaz, que lhe legitima a categoria de Guia. No final, encontra-se um Glossário, uma coluna a meia página que compila informação sobre quatro Organizações de Conservação da Natureza espalhadas pelo Planeta, com os respectivos endereços de Internet: é um piscar de olhos ao pequeno leitor para, das páginas deste Atlas, alcançar a realidade de quem trabalha no terreno a tentar, por exemplo, proteger o amável boto - golfinho de rio, cor-de-rosa - , o belo e elegante lechwe com os seus chifres em forma de lira; de quem procura a andorinha-de-lunetas, que só foi descoberta em 1968, na Tailândia, e deixou de ser vista em 1978; de quem pelos quatro cantos do mundo vai zelando pelo Património Natural, à espera que a massa humana da protecção ambiental seja em maior número do que aquela o destrói. No final da obra, encontra-se um Índice Remissivo.
Nota: Junto do Natal das preocupações com os verdadeiros reis da Festa – as crianças – podemos sempre contar com os livros, que, depois de bem escolhidos, são os presentes mais que perfeitos. Nesse sentido, esta é a parte I com sugestões de “pérolas de papel” que acabaram de chegar às nossas livrarias. Todavia, na etiqueta Literatura Infantil encontram-se outras sugestões, editadas ao longo do ano.
E ainda, em resposta a mensagens que tenho recebido: PARABÉNS aos que, inspirados pela fotomontagem que há dias editei na parte superior da coluna, à esquerda, se anteciparam aos meus textos e adquiriram algumas dessas propostas infanto-juvenis.
3 comentários:
Muito obrigado, tambem en nome das minhas duas crianças e dos meus sobrinhos
Bem haja!!!!
Muito obrigada, Teresa, pela boa publicidade ao livro. É sempre bom saber que o nosso trabalho agrada! :)
E, para mim, é um prazer quando me vêm parar às mãos textos como este do Sérgio!
Um abraço
Olá Fedra Santos. Que magnífica surpresa, esta sua visita. Não é publicidade, penso que foi o meu dever defender um livro estupendo. Tenho seguido, como deve saber, (e continuarei a seguir) o seu trabalho de ilustração, sempre com admiração. Parabéns por mais este exemplo com o texto vivo e depurado do Sérgio Luís de Carvalho.
Como referi, uma dupla perfeita :)
Um grande abraço
Teresa Sá Couto
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