terça-feira, 18 de junho de 2013

"O Silêncio" de Maria Quintans

Maria Quintans tem novo livro: O Silêncio será lançado no dia 21 de Junho, às 20.30h, na Pensão Amor, Rua do Alecrim, 19, 1200-292 Lisboa. A apresentação é de Inês Fonseca Santos e Ana Zanatti fará leituras de poemas.



(os cinco livros da hariemuj - clicar para aumentar a imagem)


O Silêncio é o quinto título da pequena editora hariemuj, cinco dedos que mostram o poder de uma mão de quem gosta e sabe fazer livros. Com efeito, o zelo impresso no mais ínfimo pormenor e a força estética do grafismo assumido, desde os últimos 3 títulos, por João Concha, são uma marca inconfundível do carisma da hariemuj. Na escolha dos textos está, também, uma postura própria: escolhe-se a palavra desassombrada, harmoniosa, rebelde, intimista e arejada.

«o silêncio demora muito tempo», lê-se na contracapa de O Silêncio de Maria Quintans, livro com 52 páginas e 33 poemas. O silêncio é um lugar largo, acrescento eu, esperando que este livro encontre o lugar grande do fascínio da leitura.


Nota:
Os livros da editora hariemuj podem ser encontrados nestes locais:
Livraria Barata, Lisboa;  Livraria Ler Devagar, Lx Factory - Lisboa;  Livraria Letra Livre - Lisboa Livraria Pó dos Livros - Lisboa;  Livraria Poetria - Porto;  Miguel de Carvalho, Livreiro Antiquário - Coimbra;  Feira do Livro de Poesia e Banda Desenhada, Soc. Guilherme Cossoul - Lisboa


Ainda sobre Maria Quintans, João Concha e hariemuj, AQUI 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Antonio Gamoneda em Antologia

Titula-se Oração Fria e é a primeira antologia traduzida em língua portuguesa do poeta castelhano Antonio Gamoneda. Acompanhada pelo próprio poeta, a edição, bilingue, tem introdução, tradução e posfácio de João Moita. Um livro indispensável para quem não vive sem poesia.




Depois de Livro Do Frio, considerado por muitos a melhor obra de Gamoneda,  também editado pela Assírio&Alvim, em 1998, com tradução e Nota de José Bento, o novíssimo Oração Fria possibita-nos uma panorâmica da obra de António Gamoneda; «segue a ordenação e a fixação dos textos de Esta Luz – Poesía Reunida (1947-2004), livro publicado em Espanha em 2004 pela Galaxia Gutenberg, com organização do próprio poeta. Foram ainda incluídos cinco poemas do seu último livro, Canción Errónea, publicado em 2012 pela editora Tusquets.»,  esclarece João Moita.

Nascido em Oviedo a 30 de Maio de 1931, Antonio Gamoneda é uma das vozes mais ilustres  da poesia contemporânea. Uma voz artisticamente poderosa, num mesmo hausto, atormentada e crua, canto de errância e cansaço, denunciadora desta "idade do ferro na garganta", idade de perdas de identidade, de desvanecimento de causas e sonhos; uma voz que ouve o "cego rouxinol" e que, como ele, cria  no seu cantar "luz entre a ramagem obscura": "Justifico-me na dor. Não há nada; / não encontro nos meus ossos a cobardia. /Em meu canto inverte-se a agonia; / é um caso de luz incorporada.".  

dois textos:

É um homem. Vai pelo campo.
Escuta o seu coração, como bate,
e, de repente, o homem detém-se
e põe-se a chorar sobre a terra.

Juventude da dor. Cresce a seiva
verde e amarga da primavera.

Para o ocaso vai. Um pássaro
triste canta entre os ramos negros.

Já o homem apenas chora. Intriga-se
com o sabor a morto da sua língua. (p.27)

***

Calo-me, espero
até que a minha paixão
e a minha poesia e a minha esperança
sejam como aquela que anda pela rua;
até que possa ver com os olhos fechados
a dor que já vejo com os olhos abertos. (p.59)







terça-feira, 4 de junho de 2013

Lançamento do novo livro de Joaquim Pessoa

Guardar o Fogo é o novo livro do poeta Joaquim Pessoa. Com a chancela da Edições Esgotadas, o livro será lançado dia 8 de Junho, sábado, às 17h00, na livraria Bulhosa do Campo Grande, em Lisboa. A Apresentação será feita por Maria da Conceição Andrade e Maria Fernanda Navarro, autoras do texto introdutório.


Como o título indica, Guardar o Fogo reúne poemas sobre a natureza da palavra e o laboratório poético de Joaquim Pessoa, e vem responder a um projecto do autor de concentrar num livro a relação do poeta com o ofício enigmático da palavra, a busca do tutano e da textura, os «ossos de uma paciência que persegue o mundo». Neste sentido, o fogo guardado nas 388 páginas é uma libertação de ar para os leitores e estudiosos da poesia, em geral, e da poesia de Joaquim Pessoa, em particular. 
 
Como poeta é sinónimo de desassossego, o autor junta 104 textos inéditos à Antologia que contempla textos desde O Pássaro no Espelho, editado pela Moraes Editores em 1975 até Ano Comum, editado pela Litexa em 2011. Guardar o Fogo é, afinal, «Um mundo de palavras. Língua/que lambe o universo para espanto/da imobilidade das estrelas.», como se lê no texto inédito da página 73.

Transcrevo, ainda, dois textos inéditos:


Poema quadragésimo terceiro

Falo-te do limite do mundo: para lá
das palavras, para lá da fala. Um oceano vazio
é a nossa boca, território atormentado por
uma água seca antes das cerejas e depois do
parto. Cordão que liga o teu tempo
a um tempo universal: da tua voz,
ao canto tremendo das estrelas, fogo
cantando luz.

Luz, e ouro altíssimo: sangue, ideia, ventre, vida. (p.75)


Poema quinquagésimo primeiro

A escrita
foi a terra prometida 

Por ela
as águas se abriram
para que o poeta guiasse
o seu povo de sílabas. (p.83)